... que bem poderia ser o Cão das Lágrimas de Saramago. Ele nos seguiu desde a saída do maracatu. Nada o assustou, nem o barulho das alfaias, dos agogôs, dos abês, das caixas de guerra... A chuva torrencial que caia sobre Olinda, o lixo do carnaval que nos arrastava nos veios de água que escorriam das ladeiras misturados a urina e Ele lá, persistente desfilando entre os batuqueiros, rei, rainha e calunga do maracatu.
O percurso foi longo e confuso, em alguns trechos, tendo que enfrentar a multidão que insistia em obstruir as ruas naquela euforia etílica e a chuva rompendo a pele dos tambores. Na apoteose do desfile, a subida ao palco da avenida segismundo gonçalves e o Cão lá, tentando subir junto com o maracatu e sendo escurraçado pelos seguranças do palco.
Subimos e quando menos esperávamos, la estava Ele, transitando entre os personagens, se entrelaçando nas saias de Oxalá, Oxum, Iansã e Xangô, participando do evento mais democrático de estas terras: o carnaval.