terça-feira, 18 de novembro de 2008

Situações Limites

Quem nunca viveu uma?
Eu, várias e para ilustrar, talvez a mais surreal
Tinha 21 anos de idade, cursava o último ano de odontologia na estadual de pernambuco, a cidade era Recife de 1992. Como toda menina vinda de um lugar menos desenvolvido, a ânsia de ganhar dinheiro era uma constante e me apareceu a possibilidade de sublocar horários em um consultório odontológico. É lógico que a investida era ilegal porque não tinha licença do orgão de classe para clinicar. Bom, juntei-me com uma colega e sublocamos o único horário disponível, o sábado de tarde.
O consultório em questão ficava numa rua do centro do Recife e para lá fomos numa tarde chuvosa do mês de julho. Ficamos eu e a colega a tarde toda a espera de um possível cliente que não apareceu e claro que não ia aparecer porque ninguém, a não ser em casos extremos de dor, vai procurar uma clínica odontológica num sábado pela tarde sem haver marcado consulta prévia.
Para atendermos era necessário levar todo o instrumental que usávamos na faculdade e isso representava um peso incrível. Ao final da tarde, resolvemos fechar "a bodega" e ir para casa.
Bom, o desespero começa quando a cópia da chave que fecharia a porta principal da clínica não encaixa. Já anoitecia e continuava chovendo. Na frente da clínica passavam os trombadinhas cheirando cola e a gente sem saber o que fazer naquela situação. Em 1992 não havia ainda esta facilidade de aparelhos celulares e não havia como contactar o dono da clínica para que ele viesse com a chave original fechá-la.
De pronto, um senhor que está estacionando o carro na rua, vendo nossa preocupação, se oferece para ajudar e por mais incrível que possa parecer, a chave da tampa do cano de gasolina do seu chevette consegue fechar a porta de rolo da clínica.
Pensamos que tudo estava resolvidos por aquele dia e que finalmente iríamos para casa tranquilamente. Tivemos que pegar o ônibus na avenida conde da boa vista e enquanto estávamso na parada com medo de ser assaltadas e sendo assediadas por trombadinhas cheira-cola, passa um homem correndo na calçada nu da cintura para cima. A esta altura do campeonato, num sábado de tarde chuvoso no centro do recife, um homem correndo sem camisa só pode ser um ladrão fugindo de algo. Na sequência, um carro da polícia com as sirenes ligadas.
Obviamente que nos entrou um pânico ao ver o carro da polícia o qual tinha um homem sentado no capô com um equipamento apoiado no ombro que eu julguei ser uma metralhadora....
Subitamente, pegamso o primeiro táxi que passava pela avenida e já dentro do táxi nos demos conta que se tratava de uma maratona e que o carro da polícia apenas servia de apoio e que o homem sentado em cima do carro com equipamento no ombro era um cinegrafista.
Quisemos descer do carro, mas o motorista disse que teríamos que pagar a corrida mínima. Sem dinheiro suficiente, resolvemos ir de táxi até em casa para que eu pudesse recolher todas as moedas que encontrasse por lá. Pagamos o motorista e depois disso, acompanhei a minha colega a té o ponto do ônibus para que ela pudesse ir para casa.
Ao esperar pelo ônibus, bem em frente à parada, uma mtocicleta atropela uma anciã e na falta de alguém para ajudar, tivemso qeu levar a velha para o pronto socorro.....
Depois de toda esta odisséia, tentei chegar em casa o mais despercebida possível e não botei mais o pé fora durante todo o fim de semana.

Um comentário:

:.tossan® disse...

Bela crônica Elaine! Está ótimo vir aqui. Bj